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- Le travail de l’ironie dans les chroniques de Maria Judite de Carvalho et de José Gomes FerreiraPublication . Carmo, Carina Infante doA leitura paralela de Maria Judite de Carvalho e José Gomes Ferreira permite-nos pensar a crónica como forma privilegiada de dizer a cidade contemporânea mediante uma lucidez irónica e uma aguda consciência histórica. José Gomes Ferreira nunca esconde o grotesco e a desolação do mundo dos outros mas dá a ver o que existe de irreal, de sonho no quotidiano e ironiza a sua posição (melancólica) de poeta militante. Maria Judite de Carvalho, por seu turno, vive uma dolorosa contiguidade com as ruas e rostos que se entregam à indiferença, ao consumo e à alienação. E, no entanto, esta verdade como um punho revela-se através de uma ironia fina e ácida que denuncia as injustiças e os lugares comuns dos discursos e dos gestos. Em ambos os casos, de modos diversos, a crónica trabalha as nuances próprias da ironia, contra a evidência do banal, do esquecimento e da morte.
- Algumas razões por que não se pode deixar de ler os neo-realistasPublication . Carmo, Carina Infante doAo olhar em prespectiva a nossa contemporaneidade literária, está lá a marca indelétavel dos autores neo-realistas.
- Para memória futura do neo-realismo [Fernando Namora]Publication . Carmo, Carina Infante doFernando Namora foi pioneiro na narração da história do neo-realismo, de que foi protagonista desde a primeira hora. Desde 1956, o escritor empenhou-se em valorizar a evolução e o lugar daquele movimento literário na literatura portuguesa de novecentos. Por meio da escrita ensaística, Namora responde ao ocaso neo-realista mas também à hostilidade crescente do campo literário português àquele movimento, pondo em causa muitos lugares comuns da crítica e um conceito linear e monológico de tempo histórico em literatura.
- Mário Dionísio, 'o homem que inventou' José Gomes FerreiraPublication . Carmo, Carina Infante do; Basílio, Kelly Benoudis; Seixo, Maria AlziraO ensaísmo de referência sobre o Neo-Realismo tem insistido na heterogeneidade congénita do movimento, respeitando aliás o pensamento de Mário Dionísio. Quando protagonizou a reconstituição do campo intelectual e artístico português, desde meados dos anos 1930, aquela frente cultural antifascista incorporou entendimentos conflituantes do marxismo e do papel social da arte que culminaram na chamada Polémica Interna, particularmente aguda entre 1952 e 1954. E, todavia, foram a amizade e a camaradagem (nos sentidos estrito e amplo do termo) um elo agregador do Neo-Realismo em sucessivos projectos artísticos e editoriais, bem como o respaldo necessário para a criação e a resistência contra a repressão salazarista e o isolamento de intelectuais e artistas, numa sociedade com altos índices de analfabetismo e estruturas culturais fragilíssimas.
- Formas de autorrepresentação e mutações contemporâneas da literaciaPublication . Carmo, Carina Infante doDesde 2008/ 2009 tenho lecionado a disciplina de licenciatura Autobiografia e Histórias de Vida no âmbito da qual pedi aos alunos que elaborassem um bilhete de identidade personalizado. Com este material pude desenvolver uma reflexão a partir do diálogo entre a forma por excelência de identificação pública em Portugal e o discurso identitário de jovens estudantes universitários. O processamento textual dos seus bilhetes de identidade revelou a estreita ligação com os suportes mediáticos que os enformam (na esmagadora maioria digitais) e com as práticas de literacia a eles associadas. Afinal de contas, estes estudantes vivem imersos num contexto de revolução digital em que as noções estabelecidas de literacia e os modos tradicionais de leitura e autorrepresentação estão a ser desafiados e até postos em causa.
- Como os manuais de Português podem (de)formar leitoresPublication . Carmo, Carina Infante doNas últimas décadas foi abandonada a selecta de textos que visava o contacto dos alunos com a literatura nacional, com modelos consagrados de língua, propiciando, no contexto do Estado Novo, a edificação moral e nacionalista. Em sua substituição, vingou um livro que se propõe desenvolver a competência comunicativa dos alunos, não apenas com textos literários.
- Manuel da Fonseca, a revolta com tinta de sol na noite de angústiaPublication . Carmo, Carina Infante doEra ainda 1942, Mário Dionísio, na sua «Ficha 6» saída na Seara Nova, definia deste modo a poesia e os contos até então publicados por Manuel da Fonseca (Rosa dos Ventos, 1940, Planície, 1941, e Aldeia Nova, 1942): «Quando falo em Manuel da Fonseca revelar o Alentejo, penso em qualquer coisa de muito semelhante ao Alentejo se revelar a si próprio. Qualquer coisa como se aquelas figuras que aparecem, a espaços, especadas, imóveis e sombrias no meio da grande planície, começassem, subitamente, e sob a forma de arte, a falar-nos delas, da terra e dos senhores que as esmagam.» Talvez por temer ser alinhado no reduto da literatura regionalista, Manuel da Fonseca resistiu às palavras do ensaísta. Reivindicou para si o olhar de citadino sobre o Alentejo e, também, a atenção sobre a cidade do seu tempo.
- Mário de Carvalho, Quatrocentos Mil Sestércios seguido de O Conde Jano (1991)Publication . Carmo, Carina Infante doApresentação do conto "O Conde de Jano", de Mário de Carvalho, de Quatrocentos Mil Sestércios seguido de O Conde Jano (1991), Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco APE
- Manuel da Fonseca. A escrita do fogo e das cinzas do humanoPublication . Carmo, Carina Infante doManuel da Fonseca é na primeira hora neo-realista um dos escritores que mais rapidamente chegou ao apuro da escrita, comprovada na poesia, com Rosa dos Ventos (1940) e Planície (1941), e na narrativa, com Aldeia Nova (1942) e Cerromaior (1943). A colaboração em jornais e revistas (em particular em O Diabo), nos anos de 1938 e 1939, impulsionou a afirmação dessa sua obra inicial que investiu desde logo numa geografia sentimental privilegiada, o Alentejo.
- Manuel da Fonseca e a escrita da violênciaPublication . Carmo, Carina Infante doA concisão e intensidade da linguagem reforçam um traço incomum de Manuel da Fonseca: a escrita da violência. Não está só em causa a violência social que submete os camponeses à miséria e ao desespero cego ou os pequenos burgueses (mais ainda, as mulheres) à vida medíocre e sufocada. Refiro essencialmente a capacidade notável de dar corpo verbal à violência física mais sangrenta e carnal. Fonseca tem, nesse aspecto, pouco paralelo na literatura portuguesa. Vários são os exemplos. A exasperação do Doninha de cabeça exangue contra as grades da prisão (Cerromaior); o corpo agonizante do Palma que tomba cravejado de balas no assalto policial ao terreiro (Seara de Vento); a violência alucinada do último senhor de Albarrã que, no remate do conto, cai «de borco» sobre cacos de garrafa, «até ficar a esvair-se em sangue, uivando de dor como um animal bravio» (O Fogo e as Cinzas).